Gafanhotos gigantes honestamente realizados e confiáveis. Saltitam pelos corredores do poder económico e do capital, alimentam o incontrolável apetite financeiro, sempre insaciável. Engordam descomunalmente. Transformam-se, pela ambição, em grandes máquinas financeiras. A crise económico-financeira instala-se. Ao comportamento dos gafanhotos gigantes é sugerida uma dieta solidária... E pasme-se! Recusam!... É que não são ricos. São trabalhadores.
Entre os sonhos e a realidade, restam a esperança e a determinação que se aliam na correção da trajetória da vida sempre que um obstáculo ou uma desilusão surge e impõe um desvio não previsto.
Neste país, jardim quadrilongo banhado pelo Atlântico na parte mais ocidental da Europa, apontado para ser o espaço Impostolândia, olhamos para necessidade da redução do défice e, sem que tenhamos contribuído para a crise, esperamos o cutelo do imposto sobre o pinheiro, digo, o subsídio de Natal... enquanto é anunciada a antecipação do aumento do IVA para 23% nas faturas da eletricidade e do gás natural. Mais um murro no estômago, sob o alto patrocínio de quem negociou com a troika e com ela concordou...
O mar de um azul mágico ressalta da imagem, prende o meu olhar e convida-me ao sonho que surge sem entraves. A minha imaginação vagueia por aquele mar e pára naquela ilha que, perdida no imenso domínio azul, se compraz em manifestar um inesquecível encanto. O meu sonho, logo ali, desenha o barco que vai seguir o roteiro marítimo que a minha imaginação traça para lá chegar. Embarco no sonho. Parto à descoberta da ilha. O barco rompe o mar azul que, sentindo-se contrariado, espuma um rasto branco de raiva. O meu barco, ignorando essa raiva, avança, abrindo o espaço azul que me separa e me aproxima da ilha. A viagem prossegue e a ilha vai tomando um contorno mais nítido. Olho as suas montanhas escarpadas que irrompem pelo céu azul, onde se encaixam entre o branco sereno das nuvens e o azul impetuoso do mar e se lançam, a pique, sobre ele, impondo-lhe os limites. Já espreito o Funchal. À luz do sol, o seu casario, subindo em anfiteatro, trepa pelas encostas, espia por entre o tufo verdejante dos montes e, lá do alto, contempla o imenso azul atlântico que lhe desenha os pés. De novo, prendo os olhos no azul do mar e o meu sonho, rompendo as barreiras da minha criação, foge para se espraiar num outro sonho que rasga, também, aquele mar imenso e me deixa a navegar à boleia de um navio de cruzeiro. O meu sonho, embalado pelo novo sonho, redesenha o barco e, por minha livre vontade, apodera-se do belo traço daquele navio. E deixo-me ir no mar dos sonhos por onde o navio navega. Os meus sentidos estão despertos para captar todos os momentos do tranquilo prazer que a viagem me proporciona. Sinto que a emoção pode tomar conta de mim. Para me recompor, faço uma pausa no mar dos sonhos que me absorve... olho o mar azul, mais apaziguado. Respiro fundo. O navio de cruzeiro aproxima-se do cais para acostar. Preparo-me para viver intensamente o instante em que os sonhos fogem de mim e se materializam. Frente à ilha, a emoção e o encantamento. Debruço-me sobre a amurada do navio. Algumas lágrimas caem, tocam levemente o casco do navio de cruzeiro, misturam-se àquele azul profundo… Olho o mar, mais uma vez. Não há sonhos impossíveis... E dirijo-me para o portaló para deixar o navio. Ali, a uma escassa distância, repousando o seu encantamento sobre Atlântico, a bela Ilha da Madeira espera por mim...
Vivemos continuamente condicionados pela míngua de tempo que dispomos. Vale a pena aproveitar todos os momentos que o verão nos oferece: os dias luminosos e os dias pretensiosamente ensolarados. Dias de verão que não podem ser desperdiçados sob pena da míngua de tempo redundar em perda de tempo.
Praia de Baiona na Galiza. À esquerda, o Monte Real e à direita, o Monte Ferro. Ao longe, no horizonte, as Islas Cies, onde fica Rodas, a melhor praia do mundo, segundo o jornal britânico, The Guardian, em 2007.